06/03/2009

Arcebispo do Recife diz que aborto é mais grave do que estupro

RECIFE - O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, afirmou nesta sexta-feira, em entrevista ao Jornal Hoje, que o padrasto, suspeito de violentar a menina de 9 anos, não está incluído na lista de excomungados. "Esse padrasto cometeu um pecado gravíssimo. Agora, mais grave do que isso, sabe o que é? O aborto, eliminar uma vida inocente". Na quarta-feira, o arcebispo excomungou a mãe e a equipe médica envolvida na interrupção da gravidez da garota.

A gravidez foi descoberta no último dia 25 de fevereiro, quando a menina de nove anos se queixou de tonturas e foi levada pela mãe para a Casa de Saúde São José. Exames constataram que a criança já estava na 16ª semana de gestação e que a gravidez era de alto risco por causa da idade.

Segundo a polícia, a criança afirmou que os abusos começaram quando ela tinha seis anos de idade, e que o padrasto, de 23 anos, a ameaçava de morte caso contasse para alguém. Ele foi preso quando se preparava para fugir para a Bahia. Em seu depoimento, o padrasto teria confessado que também abusava da enteada mais velha, de 14 anos, portadora de deficiência física.

O Ministério Público, a Secretaria Estadual de Políticas para a Mulher e as ONGs Curumim e SOS Corpo acompanham o caso e irão oferecer recursos e tratamento psicológico para as vítimas.

Excomunhão

Na quarta-feira, o arcebispo excomungou os médicos envolvidos no aborto. “A lei de Deus está acima de qualquer lei humana. Então, quando uma lei humana, quer dizer, uma lei promulgada pelos legisladores humanos, é contrária à lei de Deus, essa lei humana não tem nenhum valor”, disse o bispo.

De acordo com os médicos, a menina, que tem 1,33m e pesa 36kg, não apresentava estrutura física que sustentasse uma gravidez. Segundo eles, a paciente corria risco de vida caso a gestação continuasse. Além disso, a legislação brasileira permite o aborto em vítimas de estupro até a 20ª semana de gestão.

“A excomunhão do arcebispo se torna irrelevante para todas nós que ajudamos no caso. É irrelevante a posição do arcebispo. Essa é uma questão que não perpassa pela religião. Os médicos agiram conforme a lei. O Estado brasileiro tem que ser respeitado. A ação do Estado não pode ser regida pela ação religiosa”, analisou Carla Batista, da ONG SOS Corpo.

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, classificou de "radical" e "inadequada" a decisão da Igreja Católica de excomungar os envolvidos no aborto. Para Temporão, o ato de excomungar os envolvidos no aborto é um contrassenso diante do que aconteceu à criança.

“Fiquei chocado com os dois fatos: com o que aconteceu com a menina e com a posição desse religioso que, equivocadamente, ao dizer que defende uma vida, coloca em risco uma outra tão importante”.

Na opinião deste blogueiro aqui isto é um absurdo o que este arcebispo vem fazendo " niguem pode mandar na vida dos outros, principalmente no que diz respeito ao estupro sofrido pela menina de 9 anos, a igreja católica tem mais coisas com o que se preocupar, e não ficar se metendo na vida destas pessoas."